João Pedro Donadel
Da Redação
Na tarde de hoje (4), uma viatura da Polícia Militar, sob comando do tenente Carollo, estava realizando a remoção, com o auxílio de um guincho, de um veículo estacionado em via pública, com os pneus murchos e que teria sido notificado pelo Detran na semana anterior.
O carro pertencia ao advogado Woriston Barros da Cruz que não estava no local no momento. A esposa de Woriston, percebeu a movimentação e questionou o oficial sobre o que estava acontecendo. O tenente explicou a situação e a esposa do advogado ligou para seu marido para que fosse até o local.
Ao chegar , Woriston se identificou como membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apresentou sua documentação e perguntou se havia alguma notificação ou ordem para tal recolhimento e o tenente disse que não precisava, pois estava em via pública.
Seguindo a discussão, o advogado continuou a questionar e o oficial da PM disse que não devia satisfações de seus atos e que Woriston estaria cometendo os crimes de desobediência e desacato. Então o advogado adentrou em seu outro veículo, no qual havia chegado no local, para estacioná-lo corretamente, entretanto o tenente ordenou que o advogado entrasse na viatura para que fosse levado a Central de Atendimento.
Negando a ordem policial, Woriston informou que o acompanharia de seu veículo, quando, segundo o advogado, o tenente Carollo disse “vamos comigo neguinho”. A frase, segundo o boletim de ocorrência, foi filmada pelas filhas do advogado que também estavam no local, que em seguida questionaram o tenente o porquê estava usando aquela frase contra seu pai.
De imediato, segundo o BO, Carollo negou a injúria racial e solicitou apoio de uma viatura da Força Tática, enquanto Woriston aguardava um representante da OAB. Com a chegada do reforço, segundo consta o boletim de ocorrência, um policial tomou os documentos do veículo que seria guinchado, a carteira da OAB e outros documentos que estavam em posse da esposa do advogado e colocou Woriston no camburão da viatura da Força Tática.
Na Central de Atendimento, cerca de 15 advogados prestaram apoio a Woriston. Segundo informações, a acusação e voz de prisão de injúria racial foi feita por colegas da OAB.
Versão do Tenente
Em entrevista ao Semana7, o tenente negou a acusação e afirmou ter chamado o advogado de "amigo" ou invés de "neguinho". De acordo com Carollo, também há filmagens de sua posse que comprovam o seu lado da história. Ambos prestaram depoimento. O tenente também disse que, após essa acusação, a qual ele considera falsa, procurará os meios legais para se defender e que apresentará provas de sua versão à investigação. Segundo o oficial, durante toda a abordagem tentou conversar de forma educada com Woriston e apenas recebia respostas com arrogância.
Carollo ainda afirma que em nenhum momento houve agressão, de nenhuma maneira, por parte da guarnição. “As filmagens apresentadas à investigação provarão isso” disse. Quanto à ‘voz de prisão’ ser feita pelos colegas advogados, o tenente reforçou que essa não é a maneira imposta pela lei e que, caso o conduzido quisesse apresentar alguma acusação, fizesse pelos meios legais.
“Estou tranquilo quanto à essa situação. Já trabalho por mais de quatro anos aqui na cidade e nunca recebi uma denúncia sequer. Agora é aguardar o desfecho da ocorrência”, finalizou o tenente.