Da Redação/Ronan de Sá
O dia de 7 de fevereiro de 2020, será uma data que ficará na história de Alto Boa Vista, município localizado na região Norte do Araguaia, no Estado de Mato Grosso. A data referida se dá ao fato da inauguração do sistema de distribuição de água, onde seu população aguardava por mais de 20 anos. Veja fotos no final da matéria.
Depois que conseguiu a liberação dos recursos da ordem de 3.5 milhões de reais destinados pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde), o prefeito Valtuir Cândido deu início a construção da captação da água, unidade de tratamento que está cerca de sete quilômetros da sede, vinda do Córrego Três Pontes até a chegada na central de distribuição de mais 600 mil litros. Todo o processo aconteceu em quatro etapas e foi inaugurado neste mês de fevereiro.
O sistema, segundo a administração local, abastece cerca de 1700 domicílios, 400 deles já com hidrômetros, mas ainda sem cobrança de taxa de consumo que só deve entrar em vigor logo após a inauguração oficial. Ao todo 600, domicílios são abastecidos de modo ininterruptos, e no decorrer do ano o sistema está 100% em pleno funcionamento.
De acordo com Vantuir, a prefeitura livrou-se de uma despesa mensal de 120 mil reais dos cinco caminhões pipas que faziam o serviço de abastecimento todos os dias. Segundo tem dito no decorrer dessa obra, o dinheiro que se gastava com os caminhões poderá ser investido em pavimentação de ruas, a contar pela a presumível economia de 1.5 milhão que antes se gastava no baldear de água pelos domicílios de Alto Boa Vista. No que diz respeito à taxa mínima, (estimada em 17 reais), espera-se gerar uma receita de cerca de 60 mil reais mensais.
Com austeridade nos gastos, conforme parecer da Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do município, há expectativa de se levar água encanada aos assentamentos Mãe Maria, Casulo, Boa Esperança e Bandeirantes. Para a água tornar-se potável ela precisa ser tratada em ETAs que é a estação que transforma a água bruta própria ao consumo humano.
Por ordem, antes chegar aos domicílios essa água passa pelos processos de decantação, filtro, desinfecção e fluoretação.
Em março de 2018 a reportagem conversou com alguns moradores no bairro Campinas de Alto Boa Vista como a dona de casa Conceição Francisca Reis, à época com 73 anos, aposentada e que utilizava duas caixas d´água e um tambor para seu consumo doméstico. Ela disse que aguardava ansiosa “pela distribuição da água, mas só acredito vendo”, advertia.
Sua vizinha e moradora no bairro há 22 anos, dona Roseli Ortega, afirmou que a água chegava por meio dos caminhões pipas, “duas vezes por semana”. Para seu Raimundo Máximo da Costa Marinho, morador do Setor Primavera diz que “a situação mudou depois a prefeitura ampliou o sistema”. Leonardo Antônio de Castro, residente na rua Leonel Brizola, no Setor Ceccatto acha uma maravilha e que a água “é tudo de bom para a população. Esse prefeito (Valtuir), foi o único que conseguiu esse benefício depois de mais de 20 anos de espera”.
O presidente da Câmara de Vereadores, Rogério Vasconcelos de Souza, diz que será necessário se fazer uma fiscalização casa por casa para checar se todas possuem a ‘boia’ na caixas d´água e assim evitar desperdícios”. Com isso, segundo ele, “vamos economizar e evitar gastos.
O sistema de distribuição de água é, sem dúvida, a maior obra estrutural que a cidade já recebeu em toda sua história”, diz ele. As estatísticas dão conta, conforme o portal Trata Brasil, que 83,62% recebem água tratada, enquanto “35 milhões de brasileiros não tem acesso a este serviço básico”. Em 2016, 1 em cada 7 mulheres brasileiras não tinha acesso à água.
No caso dos homens, 1 em cada 6 não tinham água e 14,3% das crianças e dos adolescentes não têm acesso à água, 6,8% das crianças e dos adolescentes não contam com sistema de água dentro de suas casas. Por região, ainda segundo o site mencionado, “no Norte 57,05% da população é abastecida com água tratada.
O abastecimento de água acontece para 74,21% da população no nordeste. A região sudeste abastece 91,03% da população com água tratada. No sul, o índice de atendimento total de água é de 90,19%. No Centro-Oeste, abastece 88,98% da população com água tratada”.
Como base nesses dados, desde de 2017, a prefeitura de Alto Boa Vista (MT), localizada na região norte do Araguaia, intensificou agenda em Brasília, onde conta com a parceria do deputado federal Carlos Bezerra (MDB) para a implantação do sistema de distribuição de água na cidade. Uma pesquisa sobre imagem para consumo de agua no Brasil, em 2018, diz que a ONU recomenda o consumo diário de 110 litros por habitante/dia. Estudos apontam que essa quantidade é suficiente para suprir as necessidades básicas de uma pessoa. Porém não é isso que acontece.
Segundo dados do Instituto Trata Brasil, o nosso consumo médio é de 166,3 litros por habitante/dia. Ou seja, o brasileiro estaria jogando água tratada fora. Isso chama a atenção da prefeitura de Alto Boa Vista que antecipa o alerta a população para o consumo consciente.
Além das autoridades locais, estiveram presentes, o deputado federal Carlos Bezerra (MDB), o secretário de Agricultura do Estado, Silvano Amaral (MDB), representante da deputada Janailza Riva, Quésia Limoeiro, prefeita de São Félix do Araguaia, Janailza Taveira (SD), prefeito de Canabrava do Norte, João Cleiton (PSDB), e os ex-prefeitos Filemon Limoeiro e José Carlos, de São Félix do Araguaia e Porto Alegre do Norte, respectivamente.